Insolvências ao nível mundial: Allianz Trade prevê novos aumentos em 2025 e 2026, com um ponto de viragem em 2027.

 


A Allianz Trade divulga o seu mais recente Relatório sobre Insolvências, analisando o impacto que as recentes tarifas aplicadas pelos EUA e as mudanças no comércio mundial têm sobre as insolvências das empresas e revelando previsões atualizadas para 2027. Segundo a líder mundial em Seguros de Crédito, no final de 2025, as insolvências de empresas à escala mundial vão estar em alta (+6%), sendo esperado o pico em 2026, marcando assim o quinto aumento consecutivo das insolvências (+5%). Para 2027, a Allianz Trade prevê uma descida modesta (-1%) nas insolvências.

Insolvências em Portugal em queda

Para Portugal, as estimativas da Allianz Trade apontam para uma descida de 8% das insolvências em 2025 face ao ano anterior, o que significa cerca de 2180 empresas em situação de insolvência. E uma descida muito ligeira (- 1%) em 2026.

 Tarifas: impacto tardio, risco persistente

As taxas aduaneiras implementadas pela administração Trump, que atingirão uma taxa efetiva de 14% até ao final do ano, estão a ter um impacto heterogéneo nas empresas. Por enquanto, as empresas americanas têm estado bastante protegidas, beneficiando dos ajustamentos de preços dos exportadores estrangeiros e do redireccionamento generalizado de mercadorias através de países terceiros, como a Índia e o Vietname, mantendo os custos e as falências contidos. No entanto, se o comércio mundial abrandar, várias economias que dependem fortemente das exportações poderão ser afetadas.

 “No primeiro semestre de 2025, os efeitos protetores das tarifas e a sua ligeira repercussão ajudaram a diminuir as insolvências nos EUA em -4pps, enquanto a procura positiva compensou a maioria dos efeitos negativos. Mas as economias orientadas para a exportação deverão registar um aumento das insolvências: no pior dos cenários, o Canadá poderá registar mais 1 900 empresas insolventes, a França mais 6 000, a Espanha mais 2 900 e os Países Baixos mais 700. Em contrapartida, o impacto é negligenciável na Alemanha, no Reino Unido, na Itália e na Bélgica, devido à diversificação dos mercados de exportação, a uma base interna mais elevada ou a posições financeiras mais sólidas", afirma Maxime Lemerle, analista principal do departamento de estudos sobre insolvências da Allianz Trade.

Um aumento mais forte em 2026

Esta perspetiva leva a Allianz Trade a manter a sua previsão de insolvências à escala mundial das empresas para 2025, com um aumento esperado de 6%. Esta previsão segue-se a um aumento de 10% em 2024, o que significa que as insolvências globais atingirão o seu nível mais elevado desde 2019 e ficarão 19% acima das médias pré-pandémicas. Os dados do ano até à data já mostram aumentos significativos em todas as regiões, particularmente na Ásia (+39%) e na Europa Ocidental, com saltos notáveis em Itália (+35%) e na Suíça (+26%). Mas e em 2026?

"À medida que as estratégias de mitigação se esgotam e os efeitos secundários se fazem sentir, os efeitos da guerra comercial poderão em breve testar a resiliência das empresas. Os riscos de efeitos de dominó, através do aumento do número de grandes insolvências, também estão a aumentar. Esta situação resulta em riscos acrescidos de incumprimento de pagamentos: prevemos agora que as insolvências de empresas a nível mundial aumentem em 5% em 2026, contra 3% na nossa previsão anterior. Com este quinto aumento consecutivo, os níveis situar-se-ão cerca de 24% acima da média pré-pandémica. No entanto, embora a recuperação seja gradual, a tendência pode mudar em 2027, com um declínio de 1% nas insolvências de empresas a nível mundial", explica Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade.

 Olhando para o futuro, a Allianz Trade espera que a resiliência das empresas seja posta à prova por três vulnerabilidades críticas: (i) crescimento económico moderado, prevendo-se que o ritmo nos EUA e na Zona Euro permaneça abaixo do limiar necessário para estabilizar as insolvências; (ii) condições de financiamento restritivas, com taxas de juro persistentemente elevadas e uma oferta de crédito limitada, que pressionam as empresas com um elevado nível de endividamento e de capital intensivo, especialmente as PME; (iii) fragilidades setoriais específicas, com vulnerabilidades mais agudas nos setores da construção e automóvel devido às elevadas taxas de juro, à rutura tecnológica e ao aumento da concorrência.

 O boom da tecnologia e da IA pode alimentar mais insolvências

Nos últimos anos, a criação de empresas acelerou, em particular na Europa, onde os novos registos foram 9% superiores em 2021-2024 em comparação com 2016-2019, e nos EUA, onde os pedidos de registo de empresas são 36% superiores. Esta proliferação de novas empresas aumenta os riscos de insolvência através de múltiplos mecanismos.

 "No rescaldo da pandemia, alguns países assistiram a um aumento acentuado da criação de empresas devido a uma digitalização mais rápida e à ascensão da economia GIG [envolve a utilização de trabalhadores temporários ou freelancers em trabalhos que, geralmente, pertencem ao setor dos serviços]. Esta situação está a aumentar os riscos de falência em Itália, França, Portugal e, em menor grau, na Bélgica. Além disso, estimamos que o fim do boom induzido pela IA, um choque semelhante ao da bolha das dotcom, poderia levar a mais 4 500 empresas insolventes nos EUA, 4 000 na Alemanha, 1 000 em França e 1 100 no Reino Unido", conclui Ano Kuhanathan, Diretor de Estudos Empresariais da Allianz


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