As encruzilhadas das empresas
Estive recentemente no evento Fólio Start-up by Editora Gente que decorreu no âmbito do Fólio, no auditório do Parque Tecnológico de Óbidos
Não é possível reproduzir tudo o que foi falado, mas é possível partilhar alguns tópicos que me deixaram a pensar:
- Hierarquia/Pertencer/Amor
Já pensaram se estes fossem os pilares de funcionamento da vossa empresa, onde a hierarquia não existe porque uns são melhores ou mais importantes do que os outros, mas porque cada um tem a sua função, que é única e por isso fundamental para os resultados, e onde o sentimento de pertença da equipa leva ao desenvolvimento de uma relação emocional, que vai de dentro da empresa para fora, influenciando até a escolha dos clientes. Já pensaram como os resultados da vossa empresa podem melhorar só por ter isto em consideração?
-Ouvir mais o cliente e criar cumplicidade
O cliente gosta que o ouçam e quando o faz pode aprender muito com ele, é ele que vê o seu produto, que o utiliza, que o pode recomendar e apontar os pontos fracos, de forma que possa ser melhorado. Algumas empresas pagam milhares por consultoria, em muitos casos pagam porque não ouvem os seus clientes, e nem sequer se focam em criar com cada um deles uma relação de cumplicidade. Sabia que os custos de conseguir novos clientes são muito superiores aos de manter os atuais?
-Clientes sentem quando há falta de ética
Sim, os clientes sentem quando há falta de ética, muitas vezes não sabem expressar o que sentem, mas é suficiente para escolherem a concorrência. Quando acontece? Sempre que aquilo que é comunicado não é aquilo que eles se apercebem. Os clientes que se perdem nestas circunstancias dificilmente regressam e vão falar com outros, falando sobre os motivos por que deixaram de ser clientes
-Pare de mentir para si mesmo
Muitos donos de empresas acham que não se estão a enganar, vão empurrando com a barriga à espera que tudo mude e que o crescimento volte e que os clientes não se vão embora, arranjando as mais variadas desculpas para não ver o que é tão evidente.
As razões dos maus resultados financeiros estão dentro da empresa e não fora, o que é preciso é coragem para olhar para os problemas e estancar quanto antes o que está a impactar nos resultados
-Negócios constroem-se com pessoas e colocam o cliente no centro
Um destes dias fui a uma perfumaria, peguei num produto que estava em saldos e fui para a caixa. Ao pagar o produto passou com o preço mais alto. Ao pedir para retificar o valor a pagar, a funcionária disse, de forma rude, que ainda não tinha tido tempo para retirar a placa dos saldos, respondi que essa prática não estava correta e pedi para falar com a gestora da loja, com um rodopio de olhos nas órbitras, uma segunda funcionária disse que era ela a responsável da loja e que ou pagava o preço mais alto ou não levava o produto. Nunca mais fui àquela perfumaria. Quantos de vocês não passaram já pelo mesmo? Ainda assim acham que o cliente não deve estar no centro e do vosso lado, promovendo e recomendando, de borla, a vossa marca?
-Clientes fieis nascem de relações de confiança
Se o cliente confiar em si e nos seus serviços ou produtos ele vai ser o seu melhor vendedor e divulgador, mas as relações de confiança pressupõem interação e não a marca num pedestal, ditando regras para os consumidores. Confiança, para existir, tem de ser sempre mutua, se for só num sentido é outra coisa, mas não é confiança.
-Equilibrar autenticidade com estratégia dá origem a marcas que impactam
A estratégia é importante, mas se não for autentico, genuíno, o cliente vai repensar a sua fidelidade à marca.
-Medo/ Coragem / Imprudência
Imagine uma linha reta, de um lado coloque o medo, no extremo oposto a imprudência, do meio, entre os dois pontos coloque a coragem. É a coragem que vai fazer com que nunca se desvie do caminho traçado. Controle o medo e a imprudência, mas nunca desinvista da coragem
- Elementos invisíveis que constroem uma marca-entregar algo mais do que é obrigação com coerência e autenticidade
Sempre que entrega mais do que o cliente espera vai ganhar reconhecimento, sempre que for coerente nessa entrega vai ganhar respeito e no final vai ganhar mais respeito, mais recomendações e mais vendas. Não se imponha enquanto marca, de sempre um pouco mais e vai ganhar muito mais do que o que imagina
-O belo importa, na autenticidade
O belo importa, mas o que é o belo? Um produto com um packaging incrível? A embalagem não é o fundamental, mas a autenticidade é. O belo pode ser bastante relativo, influenciado por modas, mas o autentico nunca passa de moda
-Mantra. Tentar até dar certo, mas praticar, aperfeiçoar, ser constante
Já vi empresários a tentar, tentar, tentar até dar certo, e nunca deu centro porque eles tentaram sempre da mesma maneira. Tente até dar certo, mas não se esqueça de ser constante ao longo do percurso e de ir aperfeiçoando à medida que vai aprendendo e caminhando
-Só a experiencia do cliente é que não pode ser partilhada
Conheço serviços e produtos que são iguais e que estão no mercado, debatendo com os seus concorrentes as vendas ao cêntimo. Entregam a mesma coisa, exatamente da mesma forma, até a comunicação é igual. Parece-lhe um problema grave? Não é! A diferença faz-se não pelo seu produto ou serviço, mas pela experiencia do consumidor, por aquilo que o cliente pensa e sente sempre que está em contato com o seu serviço ou produto. Quer diferenciar-se da concorrência? Esqueça o resto, coloque em primeiro lugar a experiencia do consumidor e lembre-se, tem custos muito mais elevados ganhar novos clientes do que manter os atuais
Partilhe este texto com um empresário que acha que precisa de ler este conteúdo
Comentários
Enviar um comentário