Primeiro vieram as low cost mas eles não quiseram saber…
Este texto não sobre politica
Martin Niemöller foi um padre luterano que viveu na Alemanha
no tempo da Segunda Guerra. Parece que era simpatizante nazi e que terá apoiado
movimentos da extrema-direita até que Adolf Hitler subiu ao poder. Nessa altura,
e sentindo a realidade, passou a ser um critico de Hitler e terá passado vários
anos em campos de concentração, até a guerra acabar, em 1945.
De Martin Niemöller guardo esta citação, de que me lembro
com bastante regularidade:
Um dia vieram e levaram o meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
o meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram o meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto ia, vieram e levaram-me;
Já não havia mais ninguém para reclamar….
Este texto não é sobre as low cost
Quando trabalhava na TAP ia muito regularmente ao Porto, de
avião, em trabalho. Penso que a certa altura devia ir ao Porto pelo menos uma
vez por mês.
Quando as low cost começaram a operar para o Porto, teve
muito impacto na TAP, e eu e os meus colegas, do departamento comercial, sabíamos
que nada nunca mais seria como dantes, só ainda não sabíamos o que haveria de
acontecer.
A minha rotina, antes de haver metro no Porto, era sempre a
mesma, aterrava de manhã cedo, o processo de desembarque era rápido porque
muitas vezes só levava bagagem de mão, apanhava um táxi e ia primeiro aos
escritórios da TAP que na altura eram na Boavista.
Quando as low cost começaram a operar para o aeroporto do
Porto, um dia apanhei um táxi para a Boavista. O taxista, que já não era novo, começou
à conversa e quando percebeu que eu era funcionária da TAP foi todo o caminho até
à Boavista, a deitar a Companhia nacional para a sargeta e a enaltecer as low
cost. Comecei esse dia de trabalho virada do avesso, de tal forma que ainda me
lembro dele. O que ele e eu ainda não sabíamos nessa altura é que, pouco tempo depois,
a Uber haveria também de revolucionar o transporte de passageiros em terra tal
como as low cost tinham feito no ar.
Este texto não é sobre IA e marketing digital
Resolvi recentemente que sendo profissional (também) de marketing,
não podia continuar a ter as minhas redes sociais mais desorganizadas do que a
gaveta das peúgas dos adolescentes. Nessa altura, por acaso, ou se calhar nada acontece
por acaso, conheci uma equipa de marketing que está no Brasil, e que comigo tem
pensado, e posto muito a mão na massa, na minha comunicação e o meu marketing. São
excelentes, de tal forma que me colocaram de volta no meu caminho, e eu respeito
ao detalhe tudo o que fica definido. Bem, quase tudo, há uma coisa que eu
detesto que é fazer vídeos comigo!
Passo a explicar, era importante ter o escritório cá de casa
pronto para gravar, mas as obras ainda vão durar o verão. Até era possível gravar
em casa, mesmo não tendo o escritório, porque até tenho o material necessário,
mas a casa está cheia de coisas que vão para a outra casa, pelo que não consigo
encontrar uma parede vazia. Seria possível gravar dentro do carro, acho horrível,
é que nem pensar.
Ainda fiz alguns vídeos em casa, dei o meu melhor, mas aqui na
aldeia o sino da capela toca de 15 em 15 minutos, eu com o stress das badaladas
esqueço-me do guião e por isso um simples vídeo é uma tormenta para gravar e
depois sou mulher por isso antes de gravar tenho de vestir uma roupa
apropriada, pentear-me bem, maquilhar-me…enfim todo um processo porque o
marketing pessoal é muito importante e uma vez na web para sempre na web. Tudo isto para escrever que preciso mesmo de
fazer uns vídeos porque os algoritmos das redes acham que esse é o caminho, mas
nesta altura está a ficar mesmo complicado.
Foi aí que me lembrei de que podia experimentar outro
caminho, utilizar IA e a minha imagem, e produzir algum conteúdo assim, pelo
menos até resolver todas estas questões maçadoras, incluindo a minha falta de
vontade para ligar a ring light, que esteve tanto tempo guardada num dos
quartos, mas agora que as obras avançam, passou a ter um lugar de destaque na
sala, mesmo junto à mesa de jantar, que é agora a minha mesa de trabalho. Mas
nem assim, nem com a ring light todos os dias à minha frente, tenho vontade de
gravar conteúdos.
Voltemos aos vídeos. Tenho o meu videografo, mas ele anda
sempre tão ocupado a trabalhar, felizmente, e eu sei que se lhe pedir ajuda ele
vai dar tudo, mas que quero é que ele consiga consolidar a sua carreira, que
tem sido tão suada e que lhe tem dado tanto trabalho a construir.
Resolvi ser autónoma e pesquisar, junto de profissionais do
sector, qual a melhor forma de resolver esta questão, o que senti da parte
deles, foi o mesmo que eu senti quando o tal taxista me levou para a Boavista, contudo
o que eu aprendi nessa altura é que não é possível travar a evolução, seja ela
boa ou má para o negócio, má nunca é, prefiro desafiante, afinal as companhias aéreas
de bandeira não fecharam, nem os táxis acabaram.
Existe espaço para todos, é preciso é adaptarmo-nos, e percebermos
como podemos integrar o que esta ao nosso dispor, no trabalho que
desenvolvemos. E vai existir mercado para todos, para os que produzem conteúdos
profissionais, para os que integram a IA nos conteúdos profissionais que já
produziam e para os que como eu, que tendo formação suficiente de marketing para
saber o resultado pretendido, só procuro obter resultados de forma criativa e
integrando novas ferramentas disponíveis, e confesso que esta abordagem me
deixa muito mais entusiasmada do que olhar para a camara do telemóvel, ligar o
ring light e tentar em pouco tempo, entre o intervalo das badaladas do sino,
dizer tudo o que me for possível.
A IA veio para ficar, como as low cost, como o Uber, como a
Bolt, como tanta coisa que, quando vimos bater à porta dos outros achamos o
máximo porque nos simplifica a nossa vida e quando finalmente nos bate à porta,
é que percebemos como tem impacto.
Também aqui o marketing tem uma importância acrescida,
porque não se trata de ignorar, nem de ter medo, mas de antever e integrar,
antes que o inevitável nos leve a boa disposição.
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